Oportunidades que ficam na gaveta

Por 27 Março, 2017Artigos
Ver # Revista Edifícios e Energia 110 | Março/Abril, 2017

 

Em Portugal a eficiência energética é imposta por Bruxelas e pelos grandes interesses económicos na área da energia.

Na classe politica falta cultura e objetividade.

A eficiência energética e a descarbonização têm vindo a ser implementadas quase exclusivamente pelos técnicos nas construções novas ou em reabilitação e sempre que sujeitas a controlo prévio. Também o desenvolvimento das energias Renováveis, com custos muito elevados para os contribuintes  têm dados passos concretos na descarbonização do país.

Existem muitas oportunidades identificadas, mas que por falta de vontade ou de oportunidade ficam na gaveta. Aplicações adicionais têm se resumido á reabilitação de instalações técnicas com grande enfoque na iluminação por tecnologia LED que tem possibilitado grande desenvolvimento tecnológico e reduções de potencia substanciais relativamente ás antigas tecnologias. Os desenvolvimentos recentes nesta tecnologia prometem avanços promissores que até há bem pouco tempo era responsável por cerca de 30% do consumo energético dos edifícios de comercio e serviços.

As politicas e medidas tomadas até hoje, paupérrimas diga se em verdade e não chegam para cumprir as metas impostas pela Comissão Europeia.

Parece que existe cerca de milhão e meio de fogos a necessitar de reabilitação.  Será Utópico pensar que num pais com um ordenado mínimo paupérrimo, investimento público zero, desinvestimento em áreas fundamentais como a saúde e um índice medio de vida dos piores da união europeia poderá investir no edificado existente de cariz social, a começar pelos organismos   públicos que gerem este setor que dizem não ter dinheiro nem  para comprar certificados energéticos apesar das reduções de custo nas taxas implementados de propósito e dirigidos para socorrer esta dificuldade.

O Governo tem anunciado com pompa e circunstancia investimentos na eficiência energética em edifícios públicos da ordem dos 262 milhões de fundos europeus. De fato os edifícios públicos são muitos e os mais deficitários do edificado existente. Existem ainda muitos edifícios ineficientes energeticamente alguns dos quais já não cumprem a legislação atual e que ainda utilizam sistema de aquecimento ambiente por efeito de joule.

Nós que já cá andamos há cerca de 10 anos desconfiamos que isto são politicas publicitarias para Bruxelas ver. Até porque se tirarmos o IVA, elevado a nosso ver nestas politicas e dividirmos pelos cerca de um milhão de certificados já emitidos termos cerca de duas centenas de euros em media para o conjunto de ações de melhoria por certificado energético, já identificadas pelos Peritos Qualificados.

NO entanto não tenham a mínima duvida de que o consumo de energia em Portugal vai continuar a aumentar com o crescimento da economia, quando ela existir  e era bom que esses 262 milhões fossem objetivamente utilizados para a eficiência e para a descarbonização.

Perguntamos:   Apesar dos inúmeros despachos, Resoluções e portarias governamentais e diretivas europeias para implementar politicas de eficiência energética e de redução da emissão de carbono e gases com efeito de estufa,  porque é que o estado não abdica de cobrar impostos elevados nesta área?

Também os Peritos qualificados pagam a fatura (com 23% de IVA claro) pois face á hemorragia legislativa   identificam a necessidade de frequentar cursos complementares, dispendiosos, proporcionando chorudas receitas  para a entidade gestora apesar de sermos responsáveis por dar ao estado milhares de Euros com a nossa atividade. Pensamos que obrigar os Peritos a pagar 140 Euros mais 23% de iva para ações de formação na área do SCE é injusto e deveria ser repensado por quem de direito. È só fazer as contas como diria o nosso ex-primeiro ministro e hoje secretário geral da ONU, somos mais de dois mil.

Por ultimo aproveitamos para nos referirmos a paradigmas estabelecidos na legislação que têm provocado retrocesso nos processos de construção e na utilização racional de energia tais como, falta de sensibilidade paras as técnicas solares passivas tão típicas na construção mediterrânica e com resultados comprovados ao longo dos tempos.

Também uma palavra para os Edifícios de serviços onde foi aumentado o prazo de validade dos certificados energéticos para 8 anos, sem critério. Estar 8 anos á espera para se fazer um plano de racionalização energética dum edifício ineficiente não parece adequado ás metas impostas pela União europeia.

Gostávamos de ver as iniciativas de utilização da componente passiva nos edifícios de habitação e mesmo de serviços, desde a inércia térmica, à componente solar passiva, ao arrefecimento natural, … o potencial de poupança energética começa nestas técnicas desenvolvidas ao longo dos anos, e com inovação com os produtos de mudança de fase incorporados em materiais de construção.

Quanto ás pessoas diremos :  aguentem se!!!!