O POTENCIAL de poupança energética é inegável em Portugal

Por 27 Novembro, 2016Artigos
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Apesar dos inúmeros despachos, Resoluções e portarias governamentais para implementar politicas de eficiência energética e de redução da emissão de carbono e gases com efeito de estufa não existe no setor da edificação, especialmente na reabilitação de edifícios um rumo determinado e coerente para se apostar nos setores de elevado potencial com incentivos vantajosos e eficazes. Em vez disso criam-se programas, paupérrimos e com pouco interesse do mercado, apenas para a União Europeia ver.

A razão porque chegamos aqui não sabemos, mas pensamos que é por falta de sentido politico de orientação e motivação sublimadas pela pressão orçamental noutras matérias no campo da despesa.

A Diretiva n.º 2012/27/UE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 25 de outubro de 2012, veio estabelecer um novo enquadramento que promove a eficiência energética na União Europeia e define ações que concretizem, por um lado, as propostas incluídas no Plano de Eficiência Energética de 2011 e, por outro, as necessidades identificadas no roteiro de transição para uma economia de baixo carbono competitiva, em 2050.

Para o efeito será necessárias uma maior eficiência energética e uma subida importante da quota de energia proveniente de fontes renováveis, para cumprir as metas de CO2 em 2050 (Reduzir as emissões em mais de 80%).

Os edifícios representam em Portugal cerca de 30% da utilização total de energia sendo um setor já novamente em expansão apesar de alguma desaceleração no passado recente o que fará com certeza aumentar o consumo de energia.

O rumo a seguir será com certeza o da implementação de soluções cada vez mais eficientes do ponto de vista da construção, bem como de soluções altamente eficientes do ponto de vista da utilização racional de energia e da utilização de equipamentos e materiais de iluminação, isolamentos térmicos, janelas, computadores, aparelhos de climatização e sistemas de ventilação de maior eficiência, etc.etc…soluções que os técnicos do setor dominam e o mercado tem sido fértil em desonvolver.

Reduzir o consumo energético a través da estratégia nZEB é muito importante e vai sendo exigida pela regulamentação nos edifícios novos, no entanto a oportunidade de reabilitar o edificado é uma oportunidade única com um potencial de poupança enorme para onde deveriam ser canalizados os incentivos e todos os esforços, por estas e por outras razões não menos importantes, tais como o investimento.

Estima-se que temos um milhão de edifícios com necessidades de reabilitação. faltam incentivos fiscais, sem impacto nas receitas que equiparem o preço da reabilitação ao preço da construção nova, promovendo a recuperação do setor da construção e do imobiliário (De acordo com informação publica cerca de 50% do preço final dum edifício são impostos).

Saliente-se entretanto que a estratégia de reduzir as emissões de gases com efeito de estufa apesar de estarem  ligados á redução da utilização de energia de origem fóssil pode no entanto ser diminuída tendo em conta a utilização de energia elétrica de origem renovável. Basta para o efeito deixarmos de encarar os edifícios como ilhas.

De acordo com a Rotulagem de energia elétrica descrita nas faturas da EDP indica que em 2015 cerca de 66% da energia elétrica consumida foi de fonte renovável. Importa assim esclarecer que quando hoje utilizamos gás natural para aquecimento em vez duma maquina térmica simples realizando um ciclo termodinâmico, estamos a emitir para o ambiente mais de 3 vezes de carbono e gases com efeito de estufa.

Outra possibilidade de reduzir a emissão de gases nocivos ao ambiente poderia passar pelos industriais de energia elétrica incentivarem os grandes consumidores a armazenarem energia térmica durante a noite nos períodos onde a energia eólica é excedente. Poderiam assim ajudar ao desígnio nacional em vez de gastar recursos na certificação energética praticando concorrência desleal com os Peritos qualificados do SCE. Atualmente existem cerca de dois mil peritos qualificados, a maioria deles em profissão liberal que não conseguem competir com estratégias de marketing fortemente agressivas por parte destes gigantes do sector energético. Para além de praticarem valores de certificação energética abaixo de custo (já que o custo do certificado energético deveria ser proporcional à responsabilidade e capacidade técnica exigida para o fazer) e que eventualmente se traduz em salários precários oferecem esquemas de pagamentos a prestações. Este tipo de atitudes põe em causa o Sistema de Certificação Energética já que, trabalho precário não é, em regra, sinónimo de trabalho com qualidade assim como a pratica de preços anormalmente baixos. Seria excelente que canalizassem os seus enormes recursos para ações bem mais meritórias no âmbito da sustentabilidade do Planeta e deixassem o sistema de certificação energética para quem de direito o pode exercer.