Ver # Revista Edifícios e Energia 112 | Julho/Agosto, 2017
São faces dum mesmo conceito de digitalização da economia proposto recentemente e que engloba as principais inovações tecnológicas dos campos de automação, controle e tecnologia da informação, aplicadas aos processos. A partir de Sistemas Cyber-Físicos, Internet das Coisas e Internet dos Serviços, os processos de produção e exploração tendem a tornarem se cada vez mais eficientes, autônomos e customizáveis.
O fundamento básico implica que conectando máquinas, sistemas e ativos, poderão criar se redes inteligentes ao longo de toda a cadeia de valor.
Existem alguns princípios para o desenvolvimento e implantação deste conceito que definem os sistemas de produção inteligentes que teem surgido recentemente e com grande potencial designadamente: Capacidade de operação em tempo real; Virtualização com Simulações e medições Permitindo a rastreabilidade e monitoramento remoto de todos os processos; Descentralização e Orientação a serviços.
A era da digitalização há muito que chegou a Portugal ao sector do AVAC através dos fabricantes de equipamentos, dos sistemas de gestão técnica instalados em muitos edifícios e de grandes organizações empresariais do sector. Infelizmente as empresas não tem tido possibilidade, capacidade ou sabido estar á altura desta evolução e deste grande potencial de negocio. Talvez por falta de recursos ou como resultado da descapitalização e da precariedade em que se encontram muitas das empresas do sector.
O tecido empresarial do sector do AVAC continua hoje a ser depauperado e esmagado pela crise e pela enorme desaceleração do sector da construção civil bem como pela precariedade das relações contratuais. Desde há muito que as empresas do sector teem sido o parente pobre da construção que sofreu uma queda de 75% nos últimos 10 anos. Infelizmente continuam a fechar por insolvência gigantes do sector. Ainda recentemente mais uma grande empresa com grande conhecimento e pratica destes conceitos fechou deixando um buraco no sector.
Conectividade, informação e inteligência são sistemas que Existem atualmente em Portugal em muitos edifícios e em muitos equipamentos, fáceis de potencializar através dos sistemas eficientes de gestão técnica instalados e que podem dar lugar a novos modelos de negócios explorando toda a cadeia de valor dos sistemas.
Organizações internacionais a funcionar em Portugal também se teem inibido de aproveitar estas oportunidades e desenvolver os negócios ao longo da cadeia de valor dos sistemas de AVAC e dos equipamentos constituintes.
Pequenas exceções podem confirmar a regra, mas não conhecemos no mercado empresas que estejam a desenvolver novos modelos de negocio nesta área em que a potencialidade de negocio é elevada. Digamos que a digitalização já chegou há muito ao mercado do AVAC em Portugal, mas tem sido pouco aproveitada pelos players do mercado que parecem paralisados. Para bem do interesse publico os fabricantes deveriam liderar este processo de digitalização do sector pois estão no inicio da cadeia do valor e em nossa opinião são estes que estão melhor posicionados paras os desafios que se apresentam.
Foi recentemente apresentada oficialmente, pelo Primeiro-Ministro, pelo Ministro da Economia e pelo Secretário de Estado da Indústria, em conjunto com a Deloitte, a “Estratégia Nacional para a Digitalização da Economia – Indústria 4.0”. este estudo teve a participação de mais de 100 empresários e instituições relevantes em Portugal e o sector do AVAC não foi considerado nesse estudo.
A sustentação tecnológica deste desenvolvimento é já possível graças a “sistemas ciber-físicos” inteligentes e interligados que permitirão que pessoas, máquinas, equipamentos, sistemas logísticos e produtos comuniquem e cooperem diretamente uns com os outros. Monitorizar e controlar o estado de funcionamento dos equipamentos, detetar fugas ou avarias há muito que existem e estão instalados só que apenas são usados em medidas corretivas.
Os sistemas inteligentes deverão ter a capacidade e autonomia para agendar trabalhos de manutenção preventiva e corretivas prever falhas nos processos e de se adaptarem aos requisitos e mudanças não planejadas.
No entanto Muito há a fazer nesta área, desde logo na fase de projeto, começando nas soluções de Arquitetura do sistema de alimentação elétrica, nos requisitos de contratação e até na criação de planos e ferramentas adequadas para Manutenção preventiva e corretiva. O Projeto deve prever também a possibilidade de monitorizar autonomamente via internet os consumos das varias componentes elétricas, tais como instalações de avac, iluminação, sistemas informáticos, equipamentos específicos, etc., bem como prever e especificar as rotinas mínimas de manutenção a estabelecer no futuro para elaboração logo que concluída e entregue a instalação ao dono de obra do contrato de manutenção periódica.
Ao nível do projeto deveriam prever se já sistemas de virtualização e descentralização remotos via internet para controlo e monitorização á distancia.
A digitalização do sector do AVAC é no entanto um imperativo do futuro que cria desafios e estratégias de inovação ás organizações empresariais e aos profissionais de engenharia que vão ter de ultrapassar e avançar sob pena de arriscarem a entrar numa revolução grande possivelmente com custos e consequências sociais e económicas imprevisíveis.
Monitorizar e assegurar operações de manutenção adequados nos sistemas técnicos dos edifícios obrigam a programas adequados de manutenção credíveis e pessoais responsáveis devidamente qualificadas e habilitados nestas matérias.
Como já dissemos anteriormente colocar a responsabilidade das ações de manutenção em técnicos designados por (TIM´s) de instalações especiais, sem formação especifica conduzem normalmente a uma série de problemas sem resolução adequada muitas vezes solucionadas sob o lema do “desenrascanço” com “arranjos” imediatos, e que tem sido a pratica do negocio das empresas do sector.
NO que respeita aos Peritos Qualificados do SCE e á eficiência energética esta digitalização precisa se. Não para infernizar o trabalho do Perito, nem para criar bases de dados profissionais megalómanas do faz de conta, mas para tornar o sistema de certificação energética mais eficiente, verdadeiro, mais justo e mais adequado e valorizado pelo público e pelos profissionais.
Saliente se que o PQ do SCE tem normalmente um trabalho hercúleo pago precariamente, para alimentar o sistema sem poder usufruir do conhecimento coletivo das bases de dados que alimenta.
A digitalização energética dos edifícios é parte importante da construção 4.0, permitindo o conhecimento geral do edifício. O conhecimento e o retorno da informação permitiria uma contribuição real e apelativa a todos os envolvidos incluindo os Peritos Qualificados, a industria da construção e o público em geral que seria o grande beneficiado.